Sistema de Gestão de Publicações

PERCEPÇÃO DE UM GRUPO DE MULHERES EM RELAÇÃO À COLETA DE PREVENTIVO REALIZADA PELO ENFERMEIRO

Solange Rodrigues da Costa; Camila de Jesus Rocha Marques; Nátia Henrique Cabral

Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória

Av. Nossa Senhora da Penha, 2190, Santa Luiza - Vitória/ES. Brasil

Submetido em 30 Março 2015

Resumo

Objetivo: Conhecer a percepção de um grupo de mulheres de uma Unidade da Estratégia Saúde da Família do município de Vitória/ES, em relação à coleta de preventivo realizada pelo Enfermeiro, no que diz respeito à satisfação, confiança e ao esclarecimento de dúvidas durante o atendimento. Métodos: estudo descritivo com abordagem qualitativa, realizado numa Unidade da Estratégia Saúde da Família do município de Vitória – ES. Foram incluídas da amostra 29 mulheres atendidas pelos enfermeiros que realizam a coleta de exame preventivo no período do estudo. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista semi-estruturada. Para a análise dos dados foi utilizada a análise temática de Minayo. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia em 24/09/2013, parecer nº 405.033. Resultados: Esse estudo identificou que algumas mulheres mesmo demonstrando certo grau de resistência quanto à coleta de preventivo realizado pelo enfermeiro, ao passarem por tal experiência, perceberam o profissionalismo e a capacidade do mesmo em exercer essa prática com competência, superando assim toda percepção negativa quanto à atuação desse profissional. A percepção das pacientes atendidas pelo enfermeiro para coleta de preventivo foi positiva, pois o grau de satisfação, confiança e esclarecimento das dúvidas alcançou resultados que classificam o bom desempenho desse profissional em sua atuação. Conclusão: Esses resultados propiciam reflexão acerca do papel do enfermeiro na prevenção do câncer de colo de útero, bem como na promoção da saúde das famílias de sua área de atuação.

Descritores (Palavras-chave)

Saúde da Mulher; Enfermagem em Saúde Comunitária; Esfregaço Vaginal

Introdução

O câncer de colo de útero é considerado um problema de saúde pública, mediante ao elevado, contínuo e sustentado número de casos que surgem anualmente com o diagnóstico tardio e consequente índice elevado de morbimortalidade feminina em todo o mundo. A atuação do Enfermeiro na mudança desse quadro é a razão motivacional para o presente estudo. 1

O câncer de colo de útero tem sua incidência cerca de duas vezes maior em países menos desenvolvidos quando comparada aos países mais desenvolvidos. Com exceção dos tumores de pele não-melanoma, esse câncer é o segundo tumor mais frequente na população feminina, atrás apenas do câncer de mama, e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. Para o Brasil existe um risco estimado de 17 casos a cada 100 mil mulheres. No estado do Espírito Santo essa estimativa alcança 340 novos casos, sendo 40 para a capital Vitória.2

Para o controle do câncer do colo do útero, a melhora do acesso aos serviços de saúde e à informação são questões fundamentais, sendo necessária ampliação da cobertura e mudanças dos processos de trabalho em saúde. O amplo acesso da população a informações claras, consistentes e culturalmente apropriadas a cada região deve ser uma iniciativa dos serviços de saúde em todos os níveis do atendimento. 3

O câncer do colo de útero é o que apresenta um dos mais altos potenciais de prevenção e cura comparados aos outros tipos de câncer, chegando a quase 100% quando diagnosticado precocemente. O rastreamento precoce em mulheres assintomáticas por meio do exame citopatológico, permite a detecção das lesões precursoras e da doença em estágios iniciais, antes do aparecimento dos sintomas, além de ser um exame de baixa complexidade tecnológica e de baixo custo. 3

A atuação do enfermeiro nas ações de promoção, prevenção primária e secundária do câncer cervical é de fundamental relevância. Por meio da Consulta de Enfermagem esse profissional pode esclarecer dúvidas das pacientes, criar um ambiente favorável para realização do exame Papanicolau, orientar quanto às medicações prescritas, encaminhar as pacientes para consulta médica e/ou colposcopia quando necessário, fazendo de sua atuação um importante meio para prevenção da neoplasia cervical. 4

Mediante ao exposto, observa-se a importância de pesquisas sobre essa temática. Diante disso, este estudo objetivou conhecer a percepção de um grupo de mulheres atendidas em uma Unidade da Estratégia Saúde da Família (UESF) de Vitória/ES, em relação à coleta de preventivo e entrega de resultado do exame realizada pelo Enfermeiro, no que diz respeito à satisfação, confiança e ao esclarecimento de dúvidas durante o atendimento. Objetivou também identificar os motivos que levam as mulheres a realizarem novo atendimento de coleta de preventivo com o enfermeiro e as principais dúvidas sobre a coleta de preventivo ou sobre o câncer de colo de útero apresentadas pelas pacientes entrevistadas. Acredita-se que, ao conhecer esta percepção, os enfermeiros possam se beneficiar dessa informação para melhorar sua conduta no atendimento às mulheres.

Método

Trata-se de estudo descritivo com abordagem qualitativa, desenvolvido em uma Unidade da Estratégia Saúde da Família (ESF) do município de Vitória – ES. Esta Unidade conta com cinco equipes multiprofissionais da ESF compostas por enfermeiros, médicos, técnicos de enfermagem, Agentes Comunitários de Saúde (ACS), odontólogos, Técnico de Higiene Dentária (THD), Auxiliar de Consultório Dentário (ACD), conta ainda com o apoio de assistente social e psicólogos, onde todos procuram trabalhar de forma interdisciplinar em prol das necessidades das famílias que residem nessa área. Funciona de segunda a sexta no horário das 07 às 18 horas atendendo de forma agendada e demanda espontânea. Realiza anualmente uma média de 740 exames de preventivo, realizados por médicos e enfermeiros. Não há atendimento prévio como orientações em grupo ou individual para a coleta do referido exame. Nessa área existe uma demanda espontânea reduzida para o Teste de Papanicolau, o que propicia a realização da busca ativa por parte dos ACS com o intuito de ampliar o acesso a esse atendimento. Foram incluídas no estudo 29 mulheres atendidas pelos enfermeiros para a coleta de exame preventivo na Unidade de Saúde no período de coleta de dados. A amostra desta pesquisa foi completada quando as respostas das mulheres tornaram-se repetitivas e não acrescentaram mais informações acerca do objeto de estudo. Foram incluídas na amostra: as mulheres atendidas pelo enfermeiro para coleta de preventivo; aquelas maiores de 18 anos de idade; e as que aceitaram participar do estudo, após esclarecimento sobre o mesmo, manifestando sua aquiescência por meio de assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Foram excluídas da amostra: as mulheres que não foram atendidas pelo enfermeiro para coleta de preventivo; aquelas menores de 18 anos de idade e as que não aceitaram participar do estudo, após esclarecimento sobre o mesmo. A coleta de dados foi realizada pelas pesquisadoras, por meio de entrevista semi-estruturada. Foi utilizada para a análise dos dados, a análise temática de Minayo (2004) que seguiu os seguintes passos: ordenação, classificação e análise final dos dados, sendo que estes foram organizados através da técnica de conteúdo temática com: pré-análise, exploração do material, tratamento dos resultados obtidos e interpretação. Trata-se de uma das formas que melhor se adequa à investigação qualitativa sobre saúde. Na primeira etapa; foi definido como unidade de registro, uma frase, na segunda etapa; os dados foram classificados e agregados por categorias específicas para cada tema estabelecido na pré-análise, na terceira etapa os dados foram analisados a partir da fundamentação teórica. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória – EMESCAM em 24/09/2013, parecer nº 405.033.

Resultados

Quando interrogadas sobre o grau de satisfação em relação à coleta de preventivo realizada pelo enfermeiro, vinte e cinco mulheres participantes deste estudo relataram que ficaram muito satisfeitas e quatro relataram estarem satisfeitas. Não houve insatisfação com o atendimento realizado pelo enfermeiro, o que de certa forma valoriza e reconhece o trabalho deste profissional.

Os fragmentos das narrativas abaixo apresentam os relatos de satisfação das mulheres com o atendimento recebido:

“… Por que elas são muito doces, atenciosas, delicadas, porque é muito difícil pra gente se expor desse jeito” (Orquídea).

“… Gostei muito dela, foi muito atenciosa comigo. Nunca fiz um preventivo com tanta calma igual agora” (Lírio).

“… Eu tinha medo e vi que não era como eu pensava, nunca tinha feito antes” (Tulipa).

“… Ela é muito atenciosa deixa a gente muito a vontade” (Estrelícia).

“… Ela me tranquilizou, não me deixou nervosa, foi muito compreensiva” (Acácia).

“… Ela é muito atenciosa, tira as dúvidas, orienta” (Dália).

Em relação ao grau de confiança, todas as pacientes entrevistadas sentiram-se confiantes quanto ao atendimento do enfermeiro durante a consulta para coleta de preventivo, demonstrando, assim, a capacidade deste profissional em realizar uma adequada assistência na prevenção do câncer cervical. O que pode ser evidenciado nos relatos abaixo:

“… Elas me passaram bastante confiança por isso consegui fazer” (Margarida).

“… Ela é uma graça, um amor, muito firme, a gente sente que o que ela tá fazendo sabe fazer” (Açucena).

“… Elas atendem bem, sabem acalmar a pessoa, sabe fazer entender o que tá acontecendo lá” (Tulipa).

“… Não senti diferença entre ela ser enfermeira ou a ginecologista” (Dália).

“… Passou mais segurança e cuidado” (Gérbera).

“… Ela passou tranquilidade, foi conversando comigo, passou segurança” (Gloriosa).

No que diz respeito ao esclarecimento das dúvidas, todas as pacientes tiveram suas dúvidas esclarecidas, sendo que a maioria julgou esse esclarecimento como ótimo, não havendo avaliação descrita como ruim pelas entrevistadas, como podemos observar nos relatos descritos abaixo:

“… Ela esclareceu minhas dúvidas, eu tinha dúvidas em relação ao anticoncepcional” (Orquídea).

“… Eu sempre achei que tinha alguma coisa, e ela me disse que as alterações depois que eu tive filho era normal” (Alfazema).

“… Eu achei bom porque ela tirou minhas dúvidas, tirou minha preocupação” (Dália).

“… Eu gostei porque foi em poucos lugares que eu tive a clareza que ela me passou (Acácia).

“… O atendimento que ela me deu foi o melhor que já tive” (Tulipa).

“… Por que ela esclareceu algumas coisas sobre o câncer de mama e o auto exame, o dia certinho de fazer, eu não sabia que era dez dias após a menstruação” (Crisantemo).

Em relação às dúvidas apresentadas pelas mulheres entrevistadas sobre o câncer de colo de útero, a maioria relata que não possuía dúvidas sobre o câncer de colo de útero e a coleta de preventivo. No entanto seis mulheres pesquisadas apresentaram uma ou mais dúvidas sobre os assuntos abordados, como demonstra as falas abaixo:

“… não sei o porquê da coleta de preventivo” (Rosa).

“… é mais sobre a doença, o câncer, como que ela surge?” (Violeta).

“… não tinha muita dúvida não, só sobre o exame da mama” (Girassol).

“… o exame da mama realmente eu não sabia” (Orquídea).

“… sobre o câncer de colo de útero e o porquê de se fazer o preventivo” (Jasmim).

“… primeiro era com o tamanho do aparelho que elas usavam, as minhas amigas falaram que era grande. Segundo foi sobre o toque da mama. (Margarida).

De acordo com os dados deste estudo, percebe-se que a maioria das pacientes pesquisadas (n= 15) realizou, pela primeira vez coleta de preventivo com o enfermeiro e treze delas haviam realizado a coleta com o enfermeiro anteriormente, apenas uma não recorda qual profissional que realizou a coleta do preventivo anteriormente. Sobre os motivos que levaram ou levarão essas mulheres a realizarem novo atendimento de coleta de preventivo com o enfermeiro, os mesmos foram descritos pelas mulheres como:

“… uma moça passou lá em casa, agente de saúde e me entregou o papelzinho pra mim vim. Não tenho preferência” (Celócia).

“… Por causa do outubro rosa” (Violeta).

“… Por que a médica pra quem estava agendada faltou” (Jasmim).

“… Por que eu prefiro ela” (Crisantemo).

“… Na verdade eu prefiro enfermeira, com a enfermeira eu me sinto mais a vontade” (Gloriosa).

“… Por que eu sei que ela é apta para desenvolver o trabalho” (Iris).

Discussão

Por meio da caracterização das participantes desse estudo, é possível afirmar que se trata de mulheres em sua maioria (n= 21) com idade entre 18 e 39 anos, com ensino médio completo ou incompleto (n= 16), solteiras (n=16). Vale ressaltar que esta pesquisa contemplou somente mulheres com idade superior a 18 anos, o que justifica a ausência daquelas com idade inferior a esta.

De acordo com os resultados obtidos, entende-se que a atenção dedicada à paciente durante a consulta para coleta de preventivo foi um dos pontos mais importantes sob a ótica dessas mulheres, o que favoreceu a construção de um vínculo necessário a realização desse exame. O enfermeiro deve buscar uma atenção integral a cada mulher que atende, pois cada uma é única e compreende a saúde de forma particular, sendo que um trabalho de atenção integral com construção de vínculo e acolhimento traz resultados positivos. 5

O respeito e a atenção durante o atendimento são essenciais para que se estabeleça uma relação de confiança entre a usuária e o profissional de saúde. Um relacionamento baseado na confiança transmite tranquilidade e oferece segurança, que são suportes terapêuticos fundamentais. 3

O acolhimento e o conhecimento da comunidade com a qual o enfermeiro está atuando na prevenção do câncer são ações importantes para o fortalecimento do vínculo de confiança entre o profissional e a paciente. 1

Sendo assim, evidencia-se que o papel do enfermeiro no controle do câncer cervical, consiste em prestar atenção integral às mulheres, realizar consulta de enfermagem, coleta de exame preventivo, conforme protocolos ou outras normativas técnicas observadas nas disposições legais da profissão. 3

A consulta para a coleta do exame preventivo é o momento em que o enfermeiro também exerce o seu papel de educador orientando a paciente a tomar atitudes que lhe proporcionem saúde. No momento em que é realizado esse exame o enfermeiro deve também orientar sobre o autoexame das mamas e ao mesmo tempo, buscar falar da importância do exame para a sua saúde. O profissional deverá deixar essa mulher à vontade para a conversa a fim de sanar suas dúvidas, respeitando suas crenças, valores, pensamentos em relação ao exame e buscando um olhar mais ampliado acerca desta mulher. 5

As mulheres sentem-se visivelmente mais relaxadas e à vontade para a realização do exame no momento em que recebem orientações acerca do mesmo e atenção às necessidades que apresentam naquele momento. 6 Tão importante quanto explicar a usuária o procedimento que irá realizar, é utilizar uma linguagem que possa ser entendida pela mesma. 7

A partir da pesquisa realizada, observamos que as principais dúvidas sobre a coleta de preventivo e sobre o câncer de colo de útero referem-se à finalidade do exame, à etiologia e fisiopatologia da doença, ao autoexame / exame clínico das mamas, ao procedimento de coleta propriamente dito.

Acredita-se que algumas mulheres não façam o exame de Papanicolaou porque desconhecem a razão pela qual ele é feito e por não serem orientadas quanto à periodicidade do mesmo. Sendo assim, permanece o desafio, para os profissionais de saúde, de garantir a adesão da mulher ao programa preventivo do câncer cérvico-uterino. 8

Quanto ao autoexame das mamas, o INCA não atribui como método isolado de detecção precoce do câncer de mama. A recomendação é que o exame das mamas, pela própria mulher, faça parte das ações de educação para a saúde contribuindo para o conhecimento do próprio corpo. Estudos sugerem que o autoexame das mamas não é eficiente para a detecção precoce e não contribui para a redução da mortalidade por câncer de mama. Portanto, o exame das mamas, feito pela própria mulher não substitui o exame físico realizado por profissional de saúde qualificado para essa atividade. 3

O enfermeiro deve orientar as pacientes quanto à finalidade do exame preventivo, os fatores de risco, o procedimento da coleta, destacando a importância da periodicidade da realização do exame, visto que a partir do momento em que a mulher recebe informações sobre o assunto, ela é capaz de promover o autocuidado e pode tornar-se um instrumento multiplicador na comunidade. Dessa forma, também será motivada a retornar para buscar o resultado do exame.

A busca ativa das agentes comunitárias de saúde na comunidade, o estímulo por meios de campanhas de prevenção, como o outubro rosa, e a impossibilidade de consulta com o médico foram os principais motivos que levaram as pacientes a realizarem coleta de preventivo com o enfermeiro. Se por um lado muitas vezes parece que, para as mulheres, não faz diferença quem é o profissional que está realizando a coleta de preventivo, por outro lado, é importante observar que algumas delas preferem realmente consultar com o enfermeiro para a coleta de preventivo.

Acredita-se que o bom desempenho da equipe da ESF, através de ações como a busca ativa, contribui para a adesão da mulher aos métodos de prevenção ao câncer de colo uterino, sendo de extrema importância a busca pelas mulheres que não frequentam a unidade de saúde há muito tempo. Percebe-se que as campanhas de conscientização como o “Outubro Rosa” acabam de certa forma, estimulando as mulheres a procurarem os serviços de saúde para realizarem esse exame, momento em que pode haver detecção precoce de doenças e ainda a promoção da saúde.

Há mulheres que demonstram resistência em realizar o exame com o enfermeiro. No entanto, como aconteceu neste estudo, muitas daquelas que realizam a coleta de preventivo pela primeira vez, com esse profissional, demonstram satisfação e confiança durante a assistência prestada, mostrando assim a necessidade de uma melhor orientação à comunidade sobre o papel do enfermeiro dentro da ESF.

O profissional de enfermagem é comprometido com a saúde do ser humano e da comunidade. Cabe a esse profissional atuar na promoção, proteção e recuperação da saúde, exercendo a profissão com autonomia, respeitando os princípios éticos e legais da Enfermagem. O enfermeiro deve estar preparado para atuar na dimensão do cuidar, prevenindo e detectando precocemente o câncer de colo uterino.

Conclusão

A percepção das pacientes atendidas pelo enfermeiro para coleta de preventivo foi positiva, pois o grau de satisfação, confiança e esclarecimento das dúvidas alcançou resultados que classificam o bom desempenho desse profissional na sua atuação no que diz respeito à prevenção do Câncer de colo de útero.

Cabe ao enfermeiro, o fortalecimento do vínculo com as pacientes através de atividades de educação em saúde, com esclarecimento de dúvidas das pacientes com o objetivo de sensibilizá-las a adotarem práticas preventivas visando reduzir a morbimortalidade por câncer e outras doenças. A consulta de enfermagem é um dos momentos em que o profissional tem a oportunidade de criar vínculo com a paciente/cliente que tem a possibilidade de proporcionar resultados positivos durante a assistência prestada.

A resistência demonstrada por algumas mulheres, no que diz respeito à coleta de preventivo realizada pelo enfermeiro, foi eliminada a partir do momento em que durante a consulta de enfermagem esse profissional demonstrou profissionalismo e capacidade para exercer tal prática com competência, superando assim toda percepção negativa dessas mulheres.

Percebe-se que a utilização de campanhas de conscientização que trabalham a prevenção e promoção da saúde abordando temas relacionados com a Saúde da Mulher, tais como o “Outubro Rosa”, exercem um papel fundamental na comunidade, pois, acaba incentivando a busca pelo serviço de saúde e o autocuidado.

Os resultados desse estudo propiciam reflexão acerca do papel do enfermeiro na prevenção do câncer de colo de útero, bem como na promoção da saúde das famílias. Acredita-se na possibilidade de atuação desse profissional junto à comunidade, com autonomia, conhecimento e dedicação na promoção da saúde e prevenção de doenças.

Referências

  1. Nascimento LC. Representações sociais da prevenção do câncer de colo cervico-uterino elaboradas por mulheres. [Dissertação de Mestrado]. Terezina: Universidade Federal do Piauí, 2010. 92p.
  2. BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer (INCA). Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero. Rio de Janeiro: INCA, 2011.
  3. ______. Ministério da Saúde. Controle dos cânceres do colo e da mama. Secretaria de Atenção à Saúde. 2. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 124 p. (Cadernos de Atenção Básica, n. 13)
  4. Queiroz FN. A importância da enfermagem na prevenção do câncer de colo uterino. [Monografia de Curso de Graduação]. Batatais: Centro Universitário Claretiano, 2006. 67p.
  5. Severino JG, Costa NCG. Atuação do enfermeiro no atendimento a mulher na saúde da família em Diamantino, Mato Grosso. Rev Mat Enferm. 2010; 1(2): 166-182.
  6. Pompeo D,Lipinskijm. Coleta do exame preventivo: um momento de atenção e respeito.In:, Congresso Brasileiro de Enfermagem, 56, 2004, Gramado, Resumos. Brasília: ABEn, 2005.
  7. Oliveira NC. Desempenho de enfermagem na coleta de material para o exame de papanicolaou. 2007. [Dissertação de Mestrado]. Ceará: Universidade Federal do Ceará, 2007. 97p.
  8. Merighi MAB, Hamano L, Cavalcante LGO. Exame preventivo do câncer cérvico-uterino: conhecimento e significado para as funcionárias de uma escola de enfermagem de uma instituição pública. Rev Esc Enferm USP, 2002; 36(3): 289-96.

Autores

Solange Rodrigues da Costa : Mestre/UFES – (Coordenador de Curso).

Camila de Jesus Rocha Marques : Hospital Santa Casa de Misericórdia de Vitória. – (Enfermeira).

Nátia Henrique Cabral. Enfermeira: Município de América Dourada – BA. – (Enfermeira).

2024 - SALUS JOURNAL - Todos os direitos reservados